Capitulo 2-Livro aberto

Eu inclinei as costas contra o banco fofo com neve, deixando o pó seco se refazer em volta de meu peso. Minha pele esfriou para se igualar ao ar envolta de mim, e os pequenos pedaços de gelo pareciam como veludo embaixo da minha pele.

O céu acima de mim estava limpo, brilhante com estrelas, ficando azul em algumas partes, e amarelo em outras. As estrelas apareceram majestosamente, em formas redondas contra o universo negro -uma maravilhosa vista. Requintadamente bonita. Ou melhor, deveria ter sido requintadamente. Teria sido, se eu pudesse vê-las.

Eu não estava ficando nada melhor, já haviam se passado seis dias, seis dias que eu estava escondido no vazio deserto Denali, mas eu não estava nem perto da liberdade desde o primeiro momento em que fui preso pelo seu perfume.

Quando eu olhei para o o céu estrelado, era como se tivesse uma obstrução entre meus olhos e a beleza dele. A obstrução era um rosto, um rosto humano pouco notável, mas eu não parecia poder baní-lo da minha mente.

Eu ouvi os pensamentos aproximando-se antes de ouvir os passos que os acompanhavam. O som do movimento era apenas um desfalecido suspiro contra o pó.

Eu não estava surpreso que Tanya havia me seguido até aqui. Eu sabia que ela estava refletindo sobre esta conversa pelos últimos dias, adiando até que ela estivesse exatamente certa do que ela queria dizer.

 

Ela apareceu há uns 54 metros, pulando até a ponta de uma rocha escura à vista, balançando-se nas solas dos pés   A pele de Tanya estava cinza na luz das estrelas, os seus cabelos louros brilhavam palidamente, quase rosa com mechas avermelhadas. Seus olhos amarelados brilharam rapidamente quando ela olhou para mim, meio enterrada na neve, e seus lábios se esticaram lentamente formando um sorriso.

Delicadamente. Se eu pudesse vê-la. Eu suspirei.

Ela agachou até a ponta da rocha, as pontas de seus dedos tocando a rocha, o corpo dela girou.

Bola de neve, ela pensou.

Ela se lançou no ar, sua forma tornou-se escura, uma sombra giratória na medida que ela girava entre mim e as estrelas. Ela se curvou até uma bola, assim que ela tocou a a pilha do banco de neve junto à mim.

Um nevoal caiu em cima de mim. A estrelas ficaram pretas, e eu estava enterrado, coberto de cristais de gelo.

Eu suspirei de novo, mas não me movi para me desenterrar. A escuridão abaixo da neve não podia piorar e nem melhorar a visão. Eu ainda via o mesmo rosto.

“Edward?”

E depois a neve voava de novo, assim que Tanya me desenterrou rapidamente. Ela limpou o pó do meu rosto imóvel, não totalmente olhando em meus olhos.

“Desculpa.” Ela murmurou. “Foi uma piada.”

“Eu sei. Foi engraçado.”

Sua boca deformou para baixo.

“Irina e Kate falam que eu deveria te deixar em paz. Elas acham que eu te incomodo.”

“Não mesmo,” Eu assegurei à ela “Pelo contrário, sou eu quem está sendo rude -abominavelmente rude. Eu sinto muito.”

Você está indo para casa, não está? Ela pensou.

“Eu ainda.. não me decidi… totalmente.”

Mas você não vai ficar aqui. Seu pensamento era melancólico agora, triste.

“Não. Isso não parece estar… ajudando.”

Ela fez uma careta. “É minha culpa, não é?”

“Claro que não,” eu menti rapidamente.

Não seja cavalheiro.

Eu sorri.

Eu faço você se sentir desconfortável, ela acusou.

“Não.”

Ela levantou uma sobrancelha, sua expressão estava tão descrente que eu tive que rir. Um curto riso, seguido por outro suspiro.

“Está bem,” eu admiti. “Um pouco.”

Ela suspirou também e colocou o seu queixo sob suas mãos. Seus pensamentos estavam mortificados.

“Você é mil vezes mais amável do que as estrelas, Tanya. É claro que você é bem consciente disso. Não deixe a minha teimosia minar a sua confiança.” eu ri com a impossibilidade disso.

“Eu não estou acostumada com a rejeição,” ela grunhiu, seu lábio inferior se pôs para fora em um atraente beicinho.

“Certamente não,” eu concordei, tentando sem muito sucesso bloquear os seus pensamentos enquanto ela se aprofundava por dentre suas milhares de conquistas. Em sua maioria, Tanya preferia os homens humanos - eles eram muito mais populares para uma única coisa, com a vantagem de serem suaves e quentes. E sempre sedentos, definitivamente.

“Succubus,” eu soltei, na esperança de interromper as imagens que surgiam em sua mente.

Ela sorriu, mostrando seus dentes. “A original.”

Diferente de Carlisle, Tanya e suas irmãs descobriram suas consciências lentamente. No final, foi o afeto pelos homens humanos que colocaram as irmãs contra o massacre. Agora os homens que elas amaram… viveram.

“Quando você apareceu aqui,” Tanya disse lentamente. “Eu pensei que…”

Eu sabia o que ela tinha pensado. E eu devia saber que ela ia se sentir assim. Mas eu não estava no meu melhor momento racional naquela hora..

“Você pensou que eu havia mudado de idéia.”

“Sim,” Ela me olhou com cara feia.

“Eu me sinto horrível por brincar com as suas expectativas, Tanya. Eu não queria - Eu não estava pensando. É que eu saí… com um pouco de pressa.”

“Eu imagino que você não vai me contar o porque…?”

Eu me sentei e enrolei meus braços ao redor das minhas pernas, me curvando defensivamente. “Eu não quero falar sobre isso.”

Tanya, Irina e Kate se adaptaram muito bem à vida que elas se comprometeram. Melhor, em algumas maneiras, até do que Carlisle. Apesar da proximidade insana que elas se permitiram a aqueles que deviam ser - e uma vez foram - suas presas, eles não cometeram erros. Eu estava muito envergonhado em admitir minha fraqueza para Tanya.

“Problemas com mulheres?” Ela perguntou ignorando minha relutância.

Eu dei um sorriso obscuro “Não do jeito que você quer dizer”

Então ela ficou quieta. Eu escutei seus pensamentos enquanto ela os mudava, tentando decifrar o significado de minhas palavras.

“Você não está nem perto” - Eu a avisei.

“Uma dica?” ela me perguntou.

“Por favor, esqueça isso, Tanya.”

Ela estava quieta de novo, especulando. Eu a ignorei tentando, em vão, admirar as estrelas.

Ela desistiu depois de um momento de silêncio e seus pensamentos tomaram outra direção.

Se você nos deixar, pra onde você vai, Edward? De volta pro Carlisle?

“Eu não acho que seja possível” Eu suspirei.

Pra onde eu iria? Eu não podia imaginar um lugar em todo o planeta que fosse me interessar. Porque não importa para onde eu fosse, eu estaria indo para lugar algum - eu estaria apenas fugindo.

Eu odiava isso. Quando eu me tornei tão covarde?

Tanya colocou seus braços sobre os meus ombros. Eu enrijeci mas eu não tirei seu braço dali. Ela queria dizer que não havia nada como o apoio de um amigo.

Praticamente.

“Eu acho que você vai voltar.” - ela disse com sua voz pegando um pouco do seu sotaque russo - “Não importa o que seja ou quem seja que está machucando você. Você vai enfrentar isso. Você é esse tipo.”

Seus pensamentos estavam de acordo com as suas palavras. Eu tentei abraçar a visão de mim que ela carregava em sua cabeça. Aquele que enfrenta as coisas de cabeça levantada. Eu nunca duvidei de minha coragem, minha habilidade de enfrentar situações adversas. Até aquela aula terrível de biologia há pouco tempo atrás.

Eu beijei sua bochecha, voltando rapidamente quando ela torceu seu rosto em direção ao meu. Seus lábios já enrugados. Ela sorriu da minha rapidez.

“Obrigada, Tanya. Eu precisava ouvir isso.”

Seus pensamentos tornaram-se petulantes “De nada, eu acho. Eu gostaria que você fosse mais racional sobre as coisas, Edward.”

“Me desculpe, Tanya. Você sabe que é boa demais para mim. Eu apenas… não achei o que eu estou procurando ainda.”

“Bom, se você for embora antes de eu te ver de novo. Tchau,Edward.”

“Tchau, Tanya” - Enquanto eu falava as palavras, eu pude ver isso. Eu podia me ver saindo de lá, de volta para o lugar onde eu gostaria de estar. - “Obrigada - de novo.”

Ela estava em pé num movimento. E depois ela tinha saído, desaparecendo entre a neve. Ela não olhou para trás. Minha rejeição a deixou mais incomodada do que ela já tinha ficado antes, até em seus pensamentos. Ela não queria me ver antes de partir.

Meus lábios se contorceram com desapontamento. Eu não gostava de machucar a Tanya, apesar de seus sentimentos não serem tão profundos e dificilmente puros. De todos os modos não era algo que eu poderia corresponder. E eu continuava me sentido menos gentil.

Eu coloquei meu queixo no meu joelho e olhei para as estrelas novamente mesmo estando de repente ansioso para voltar ao meu caminho. Eu sabia que Alice me veria voltando para casa e contaria aos outros. Isso os faria feliz - principalmente Carlisle e Esme. Mas eu admirei as estrelas mais uma vez e tentando ver passado na minha cabeça. Entre eu e o as luzes brilhantes no céu um par de olhos castanhos confusos voltando para mim, me fazendo perguntar o que essa decisão significaria para ela.

É claro, eu não poderia ter certeza que era isso que seus olhos curiosos procuravam. Nem na minha imaginação eu conseguia ouvir seus pensamentos. Os olhos de Bella Swan continuavam questionando e uma não obstruída visão das estrelas continuou a me invadir. Com um leve suspiro, eu desisti. Se eu corresse, eu estaria de volta ao carro do Carlisle em menos de uma hora.

Numa pressa para ver minha família - e para voltar a ser aquele Edward que enfrenta as coisas - eu destruí o iluminado de neves não deixando marcas de pés.

“Tudo ficará bem” - Alice encorajou. Seus olhos estavam sem foco e o Jasper tinha uma mão sob seu cotovelo, a guiando enquanto entrávamos na cafeteria num grupo fechado. Rosalie e Emmett tamparam o caminho, Emmett ridículo como um guarda costas no meio do território inimigo. Rose parecia preocupada também porém bem mais irritada do que protetora.

“Claro que ficará.” - eu grunhi. O comportamento deles era burlesco. Se eu não tivesse certeza de que agüentaria esse momento, eu teria ficado em casa.

A repentina mudança para o nosso normal mesmo na lúdica manhã - havia nevado ontem à noite e Emmett e Jasper tirando vantagem da minha distração para me bombardear com bolas de neve; quando eles se cansaram da minha falta de resposta eles se viraram um para o outro - esse excesso de vigilância teria sido cômica se não fosse tão irritante.

“Ela não está aqui ainda, mas ela virá. Ela não desconfiará se nós sentarmos no lugar de sempre.”

“Claro que nós vamos sentar no lugar de sempre! Pare com isso Alice. Você está me dando nos nervos. Eu ficarei absolutamente bem.”

Ela piscou seus olhos uma vez enquanto o Jasper a ajudava a se sentar e seus olhos finalmente se focaram em minha face.

“Hmm…” ela disse, parecia surpresa. “Acho que você está certo”

“Claro que eu estou!” eu murmurei.

Eu odiava estar no foco da preocupação deles. Eu senti uma certa solidariedade por Jasper lembrando-me das inúmeras vezes que nós o superprotegemos. Ele percebeu de relance meus sentimentos e sorriu.

Irritante, não é?

Eu consenti para ele.

Foi apenas semana passada que esse grande e pardo aposento parecia mortalmente depressivo para mim?

Pareceria quase como um sonho, um coma estar aqui?

Hoje meus nervos estavam firmes - conexões de pianos, intensamente tocados a leves pressões. Meus sentidos estavam hiper alertas, eu vistoriei cada som, cada suspiro, cada movimento do ar que tocaram minha pele, cada pensamento. Especialmente os pensamentos. Só havia um sentindo que eu me recusei a usar. Olfato, é claro.

Eu não respirei.

Eu estava esperando escutar mais sobre os Cullen nos pensamentos do que realmente aconteceu. Todo o dia eu estive esperando, procurando por cada novo pensamento sobre Bella Swan ter confessado, tentando ver que direção a nova fofoca que seguiria. Mas não tinha nada. Ninguém notou que havia 5 vampiros no refeitório, exatamente como antes da nova garota entrar. Muitos humanos aqui ainda estavam pensando sobre aquela garota, os mesmos pensamentos da semana passada. Em vez de estar inalteravelmente entediado, eu estava fascinado.

Ela não tinha falado nada para ninguém sobre mim?

Não tinha nenhuma chance de que ela não tivesse percebido meu obscuro, assassino brilho. Eu a vi reagir a isso. Óbvio, eu assustei aquela tola. Eu estava convencido de que ela havia mencionado isso para alguém, talvez até tivesse exagerado na história um pouco para fazê-la melhor. Atribuindo-me alguns traços ameaçadores.

E então, ela também me ouvindo tentando cancelar nossas aulas compartilhadas de biologia. Ela deve ter imaginado, depois de ver a minha expressão, se ela tinha sido a causa. Uma garota normal teria perguntado por aí, comparado a sua experiência com os outros, procurado por algum terreno em comum que pudesse explicar o meu comportamento e então ela não se sentiria sozinha. Humanos estão constantemente desesperados por se sentirem normal, por se encaixarem. Para se misturar com os outros ao seu redor, como mais uma ovelha sem graça no rebanho. Essa necessidade era particularmente forte durante os inseguros anos da adolescência. Essa garota não devia ser uma exceção à regra.

Mas ninguém tinha dado atenção a nós sentados aqui, em nossa mesa normal. Bella devia estar excepcionalmente tímida, se ela tinha confidenciado com alguém. Talvez ela tenha falado com o seu pai, talvez esse fosse seu melhor relacionamento… Apesar de isso soar improvável, dado o fato de que ela havia passado tão pouco tempo com ele durante sua vida. Ela devia ser mais próxima de sua mãe. Mesmo assim, eu devia passar pelo Chefe Swan alguma hora e ouvir o que ele estava pensando.

“Algo novo?” Jasper perguntou.

“Nada. Ela… não deve ter dito nada.”

Todos ergueram uma sobrancelha com as novidades.

“Talvez você não seja tão assustador quanto você acha que é.” Emmett disse, rindo. “Eu aposto que eu a teria apavorado mais do que ISSO.”

Eu rolei meus olhos até ele.

“Imaginando o porquê…?” ele se surpreendeu com a minha revelação sobre o silêncio único da garota.

“Nós já passamos por isso. Eu não SEI.”

“Ela está vindo,” Alice murmurou então. Eu senti meu corpo ficar rígido. “Tente parece humano.”

“Humano, você diz?” Emmet perguntou.

Ele levantou seu punho direito, girando os dedos para revelar a bola de neve que tinha guardado em sua palma. É claro que ela não havia derretido ali. Ele a apertou em um grumoso bloco de gelo. Ele tinha os olhos em Jasper, mas eu vi a direção de seus pensamento. Alice também, claro. Quando ele abruptamente lançou o pedaço de gelo nela, ela o jogou longe com um leve balançar de seus dedos. O gelo ricocheteou através do corredor da cafeteria; muito rápido para os olhos humanos, e se fragmentou com um agudo barulho na parede de tijolo. O tijolo quebrou também.

As cabeças na esquina da cafeteria todas se viraram para olhar para a pilha de gelo no chão, e se viraram para procurar sua origem. Não olharam para muitas mesas ao longe. Ninguém olhou para nós.

“Muito humano, Emmett,” Rosalie disse de maneira fulminante. “Por que você não soca a parede enquanto estiver perto?”

“Seria mais impressionante se você fizesse isso, baby.”

Eu tentei prestar atenção neles, mantendo um sorriso fixo no meu rosto como se eu estivesse fazendo parte da brincadeira. Eu não me permiti olhar em direção aonde ela estava em pé. Mas isso foi tudo que eu escutei também.

Eu pude ouvir a impaciência de Jessica com a garota nova, que parecia estar distraída, também, permanecendo imóvel na fila em movimento. Eu vi, nos pensamentos de Jessica, que as bochechas de Bella Swan ficaram mais uma vez rosas com o sangue.

Eu respirei curta e rapidamente, pronto para parar de respirar se qualquer traço de seu odor tocasse o ar ao meu redor.

Mike Newton estava com as duas garotas. Eu ouvia as duas vozes, mental e verbal, quando ele perguntou o que havia de errado com a garota Swan. Eu não gostava do modo com os seus pensamentos estavam envolvidos nela, um brilho de suas fantasias já construídas encobriram sua mente enquanto ele a observava ficar surpresa e olhar para cima como se ela tivesse esquecido que ele estivesse ali.

“Nada,” eu ouvi Bella dizer em uma voz baixa e clara. Parecia soar com um sino sobre todos os murmúrios da cafeteria, mas eu sabia que isso era somente porque eu estava escutando de forma tão intensa.

“Eu vou tomar só um refrigerante hoje,” ela continuou enquanto ela se movia para seguir com a fila.

Eu não consegui evitar olhar de relance em sua direção. Ela estava olhando para o chão, o sangue lentamente se esvaindo de seu rosto. Eu olhei para longe rapidamente, para Emmet, que riu agora de um sorriso aflito em meu rosto.

Você parece doente, mano.

Eu re-arranjei minhas feições para parecer mais casual e natural.

Jessica estava imaginando sobre a falta de apetite da garota. “Você não está com fome?”

“Na verdade, eu me sinto um pouco doente.” Sua voz soou mais baixa, mas ainda assim, perfeitamente clara.

Por que isso me incomodava, uma preocupação protetora que repentinamente surgiu dos pensamentos do Newton? O que importava que houvesse um timbre possessivo neles? Não era exatamente da minha conta se Mike Newton se sentia desnecessariamente ansioso por ela. Talvez esse fosse o modo que todos correspondiam à ela. Eu não queria, instintivamente, protegê-la, também?

Antes que eu quisesse matá-la, isto é…

Mas aquela garota estava doente?

Era difícil de julgar - ela parecia tão delicada com aquela pele translúcida… então eu percebi que eu estava me preocupando, também, assim como aquele garoto estúpido, e eu forcei a mim mesmo não pensar sobre a saúde dela.

Sem levar em consideração que eu não gostava de monitorá-la pelos pensamentos de Mike. Troquei para Jessica, olhando cuidadosamente enquanto eles três escolhiam uma mesa para sentar. Felizmente, eles sentaram-se com as companhias usuais de Jessica, uma das primeiras mesas do lugar. Não na direção do vento, assim como Alice havia prometido.

Alice me acotovelou. Ela vai olhar para cá, aja como humano.

Eu trinquei meus dentes por detrás de meu sorriso.

“Se acalme, Edward,” Emmet disse. “Honestamente. Então você matou um humano. Isso é dificilmente o fim do mundo”.

“Você deve saber.” eu murmurei.

Emmet riu. “Você tem que aprender a fazer outras coisas. Como eu faço. Eternidade é muito tempo para ficar rolando na culpa.”

E então, Alice lançou uma pequena mão cheia de gelo que ela havia ocultado na confiante cara de Emmet.

Ele piscou, surpreso, e então sorriu em antecipação.

“Você pediu por isso,” ele disse, enquanto ele se inclinava sobre a mesa e sacudia seu cabelo coberto de gelo em sua direção. A neve, derretendo no cômodo quente, lançou-se de seu cabelo em um denso banho metade líquido, metade gelo.

“Eca!” Rose reclamou, enquanto ela e Alice recuavam da inundação.

Alice riu e todos nós a acompanhamos. Eu podia ver na mente de Alice como ela havia orquestrado esse momento perfeito e eu sabia que aquela garota - eu tinha que parar de pensar nela dessa maneira, como se ela fosse a única garota do mundo - Bella devia estar nos olhando rindo e brincando, parecendo felizes e humanos e de forma tão irreal como uma pintura de Norman Rockwell.

Alice continuou rindo, e segurando a sua bandeja como um escudo. Aquela garota - Bella devia estar nos encarando.

… encarando os Cullens de novo, alguém pensou, prendendo a minha atenção.

Eu olhei automaticamente em direção ao chamado não intencional, percebendo enquanto meus olhos encontravam a sua origem, que eu havia reconhecido a voz - eu a havia ouvido muito hoje.

Mas meus olhos passaram direto por Jessica e se focaram na observação penetrante da garota.

O que ela estava pensando? A frustração parecia aumentar enquanto o tempo passava, ao invés de diminuir. Eu tentei - de forma incerta no que eu estava fazendo já que eu nunca havia tentado isso antes - sondar com a minha mente o silêncio ao redor dela. Minha audição extra vinha naturalmente para mim, sem pedir; eu nunca tive que forçá-la. Mas agora eu estava concentrado, tentando passar por qualquer escudo ao redor dela.

Nada além de silêncio.

O que ela tem? Jessica pensou, ecoando minha própria frustração.

“Edward Cullen está te encarando,” ela sussurrou no ouvido da garota Swan, com um sorriso falso. Não houve nenhuma insinuação de sua irritação invejosa no seu tom. Jessica pareceu ser experiente no fingimento de amizade.

Eu escutei, muito claramente, à resposta da garota.

“Ele não parece irritado, parece?” ela sussurrou de volta.

Então ela havia notado a minha reação selvagem semana passada. É claro que ela havia.

A pergunta pareceu confundir Jessica. Eu vi a minha própria face em seus pensamentos enquanto ela checava a minha expressão, mas eu não encontrei com seu olhar. Eu ainda estava concentrado na garota, tentando ouviralguma coisa. O meu foco intencional não parecia estar ajudando em nada.

“Não,” Jess disse a ela, e eu sabia que ela desejava poder dizer que sim - como isso a envenenou por dentro, meu olhar - apesar de ela não demonstrar de forma alguma em sua voz: “Ele devia estar?”

“Eu não acho que ele goste de mim,” a garota sussurrou de volta, deitando a sua cabeça em seu braço como se ela estivesse subitamente cansada. Eu tentei entender seu movimento, mas eu só pude fazer suposições. Talvez ela estivesse cansada.

“Os Cullens não gostam de ninguém,” Jess assegurou a ela: “Bem, eles nem se quer percebem alguém o suficiente para gostar deles.” Eles nunca notaram. O seu pensamento foi um rosnado de reclamação. “Mas ele ainda está te encarando.”

“Pare de olhar para ele,” a garota disse ansiosamente, erguendo a sua cabeça para ter certeza que a Jessica a obedeceu.

Jessica sorriu, mas fez o que ela pediu.

A garota não tirou os olhos de sua mesa pelo resto do tempo. Eu pensei - imaginei, é claro, eu não podia ter certeza - que isso foi intencional. Parecia que ela queria olhar para mim. O seu corpo se deslocaria ligeiramente na minha direção, o seu queixo começava a virar, e então ela se repreendia, respirava fundo e olhava fixamente para qualquer pessoa que estava falando.

Eu ignorei a maior parte dos outros pensamentos ao redor da garota, como eles não eram, momentaneamente, sobre ela. Mike Newton estava planejando uma guerra de neve no estacionamento depois da escola, sem parecer perceber que a neve já tinha mudado para chuva. A agitação dos leves flocos contra o teto já tinha se tornado o padrão comum de gotas de água. Ele realmente não conseguia ouvir a mudança? Parecia alta para mim.

Quando a hora do almoço terminou, eu continuei no meu lugar. Os humanos iam saindo, e eu me peguei tentando distinguir o som dos passos dela do som do resto, como se houvesse algo importante ou incomum neles. Que estupidez.

Minha família também não se mexeu para ir embora. Eles esperaram para ver o que eu iria fazer.

Eu iria para a classe, sentar ao lado da garota onde eu podia sentir a fragrância absurdamente potente de seu sangue e sentir o calor de sua pulsação do ar na minha pele? Eu era forte o suficiente para isso? Ou já tinha tido o suficiente para um dia?

- Eu… acho que está tudo bem. - Alice disse, hesitante. - Sua mente está segura. Eu acho que você conseguira agüentar por uma hora.

Mas Alice sabia muito bem a rapidez que uma mente podia mudar.

- Por que arriscar, Edward? - Jasper perguntou. Embora ele não quisesse se sentir presunçoso que eu fosse o fraco agora, eu podia escutar que ele se sentia, só um pouco. - Vá para casa. Vá com calma.

- Qual é o problema? - Emmett discordou. - Ou ele vai ou não vai matá-la. Melhor acabar com isso de uma vez, de um jeito ou do outro.

- Eu não quero me mudar ainda. - Rosalie reclamou. - Eu não quero recomeçar. Estamos quase fora do colegial, Emmett. Finalmente.

Eu estava igualmente despedaçado com esta decisão. Eu queria, queria muito, encarar isso de cabeça do que fugir para longe outra vez. Mas eu também não queria me arriscar muito, também. Havia sido um erro semana passada para Jasper ficar tanto tempo sem caçar; isso era um erro sem propósito também?

Não queria desarraigar minha família. Nenhum deles me agradeceria por isso.

Mas eu queria ir para a minha aula de biologia. Percebi que queria ver o rosto dela novamente.

Foi isso o que decidiu por mim. Essa curiosidade. Estava irritado comigo mesmo por sentir isso. Não tinha prometido que não iria deixar o silêncio da mente da garota me deixar desnecessariamente inter