Capitulo 6-Tipo Sanguineo

Eu a segui durante o dia todo através dos olhos das outras pessoas, abertamente consciente da minha própria vizinhança.

Não os olhos de Mike Newton, por que eu não conseguia mais agüentar suas ofensivas fantasias, e não pelos olhos de Jessica Stanley, por que seu ressentimento por Bella me deixava perigosamente nervoso. Ângela Weber era uma boa escolha, quando os olhos dela estavam disponíveis; ela era gentil - sua cabeça era um lugar fácil de estar. E algumas vezes os professores providenciavam a melhor vista.

Eu estava surpreso, assistindo ela tropeçar pelo dia - tropeçando na beira da calçada, deixando os livros cair, e muitas vezes caindo junto; nos próprios pés - através dos pensamentos das pessoas que ouvi achando que Bella era desastrada.

Eu considerei aquilo. Era verdade que ela muitas vezes teve a preocupação de ficar em pé, direito. Eu me lembrava dela tropeçando até a mesa no primeiro dia, deslizando pelo gelo antes do acidente, caindo embaixo do batente da porta ontem… Era impar, eles estavam certos. Ela era desastrada.

Eu não sabia por que aquilo era tão engraçado para mim, mas eu estava rindo em voz alta enquanto andava da aula de História Americana para o Inglês e muitas pessoas me lançaram olhares cuidadosos. Como eu não tinha percebido isso antes? Possivelmente por que havia algo bem gracioso em sua calma, no jeito que ela mantinha a cabeça, o arco do seu pescoço…

Não havia nada de gracioso nela agora. Mr. Varner assistia ela prender a ponta de sua bota no carpete e literalmente cair na sua cadeira.

Eu ri de novo.

O tempo se movia incrivelmente lento enquanto eu esperava para vê-la com meus próprios olhos. Finalmente o sinal tocou. Eu corri até a cafeteria para assegurar meu lugar. Eu era o primeiro a chegar lá. Escolhi uma mesa que normalmente estava vazia, e eu estava seguro de permanecer no caminho que tinha me levado a sentar ali.

 

Quando minha família entrou e me viu sentado sozinho em meu novo lugar eles não estavam surpresos. Alice devia ter avisado a eles.

Rosalie passou por mim sem me olhar.

Idiota.

Rosalie e eu nunca tivemos um relacionamento fácil - eu a ofendi na primeira vez que ela me ouviu falar, e foi ladeira abaixo desde então - mas parecia que elas estava mais temperamental nesses últimos dias. Eu suspirei. Para Rosalie tudo era sobre ela mesmo.

Jasper me deu um sorriso torto e continuou a andar.

Boa sorte, ele pensou duvidosamente.

Emmett rolou os olhos e balançou a cabeça.

Perdeu a cabeça, pobre garoto.

Alice estava radiante, seus dentes brilhando mais do que deviam.

Posso falar com Bella agora?

“Fique fora disso,” Eu disse através da minha respiração.

Seu rosto ficou triste, e então brilhou de novo.

Tudo bem. Seja teimoso. É só uma questão de tempo.

Ela suspirou de novo.

Não se esqueça da aula de laboratório de biologia de hoje, ela me lembrou.

Eu acenei com a cabeça. Não, eu não me esqueci disso.

Enquanto eu esperava Bella chegar, eu a segui através dos olhos do calouro que andava atrás de Jessica, no caminho para a cafeteria. Jessica estava tagarelando sobre o próximo baile, mas Bella não disse nada em resposta. Não que Jessica tivesse dado muita chance a ela de responder.

No momento em que Bella passou pela porta, seus olhos fitaram momentaneamente a mesa onde meus irmãos se sentavam. Ela observou por um momento, e então sua testa se enrugou e seu olhar baixou até o chão. Ela não havia me notado.

Ela parecia tão… triste. Eu senti uma urgência enorme em levantar e ir até ela, para confortá-la de alguma forma, eu só não sabia o que ela acharia reconfortante. Eu não tinha idéia do motivo que a fizera parecer daquela forma. Jessica continuava a matraquear sobre o baile. Será que Bella estava triste que iria perder isto? Aquilo não parecia muito provavell…

Mas poderia ser remediado, se ela quisesse.

Ela comprou uma bebida para o seu almoço e nada mais. Aquilo estava certo? Será que ela não precisava de mais nutrientes do que apenas aquilo? Eu nunca prestei muita atenção à dieta de um humano antes. Humanos eram tão exacerbadamente frágeis! Havia milhões de coisas com que deviam se preocupar…

“Edward Cullen está encarando você novamente,” eu ouvi Jessica dizer. “Por que será que ele está sentado sozinho hoje?”

Eu estava agradecido a Jessica - apesar de ela estar ainda mais ressentida agora - porque Bella levantou a cabeça e seus olhos procuraram até que encontrassem os meus.

Não havia traço de tristeza em sua face, agora. Eu me permiti acreditar que ela estava triste por imaginar que eu havia ido embora mais cedo, e a esperança desse pensamento me fez sorrir.

Eu a chamei com meu dedo para que ela se juntasse a mim. Ela pareceu tão surpresa com aquilo que eu quis provocá-la novamente.

Então eu pisquei e ela ficou boquiaberta.

“Ele está chamando você?” Jessica perguntou com desprezo.

“Talvez ele precise de ajuda com o dever de biologia,” ela disse em uma voz baixa e cheia de incerteza. “Um, é melhor eu ver o que ele quer.”

Este foi um outro sim.

Ela tropeçou duas vezes no caminho para a minha mesa, apesar de não haver nada no seu rumo além de um piso perfeitamente plano. Sério, como eu deixei de notar isto antes? Eu estava prestando mais atenção aos seus pensamentos silenciosos, creio eu… O que mais eu teria perdido?

Seja honesto, seja claro eu repeti para mim mesmo.

Ela parou atrás da cadeira que estava a minha frente, hesitante. Eu respirei fundo, dessa vez pelo meu nariz e não pela boca.

Sinta a queimação, eu pensei objetivamente.

“Por que você não se senta comigo hoje?” Eu perguntei a ela.

Sem tirar os olhos de mim por um instante, ela puxou a cadeira e sentou-se. Ela parecia nervosa, mas sua aceitação física era um outro sim.

Eu esperei que ela falasse.

Levou um momento, mas finalmente ela falou, “Isto é diferente.”

“Bem…” Eu hesitei “Eu decidi, de uma vez que eu vou para o inferno, posso muito bem fazer o serviço completo

O que me fez dizer aquilo? Eu suponho que pelo menos tenha sido honesto. E talvez ela tivesse ouvido o aviso sutil que minhas palavras continham. Talvez ela entendesse que ela deveria se levantar e sair dali o mais rápido que pudesse…

Ela não se levantou. Ela me encarava, esperando, como se eu não tivesse terminado minha frase.

“Sabe, não tenho a mínima idéia do que você quis dizer, ” ela disse quando percebeu que eu não continuaria.

Aquilo foi um alívio, eu sorri.

“Eu sei.”

Era difícil ignorar os pensamentos que vinham detrás de suas costas, gritando para mim - E eu queria mudar de assunto, também.

“Eu acho que seus amigos estão zangados comigo por eu ter te roubado deles.”

Isso pareceu não a preocupar. “Eles sobreviverão.”

“Eu posso não devolver você, então.” Eu não fazia idéia se eu estava tentando ser honesto agora ou apenas tentando provocá-la de novo. Estar perto dela tornava difícil dar sentido aos meus próprios pensamentos.

Bella engoliu seco.

Eu ri da expressão dela. “Você parece preocupada,” Aquilo realmente não deveria ser divertido, ela deveria estar preocupada.

“Não.” Ela era uma péssima mentirosa; não a ajudou em nada que sua voz falhasse. “Surpresa, na verdade… o que você quer afinal?”

“Eu te disse, me cansei de tentar ficar longe de você. Então estou desistindo.” Eu segurei meu sorriso com um pouco de esforço. Isso não estava funcionando nem um pouco - tentando ser honesto e casual ao mesmo tempo.

“Desistindo?” ela repetiu perplexa.

“Sim - desistindo de tentar ser bonzinho.” E aparentemente desistindo de tentar ser casual. “Eu simplesmente vou fazer o que eu quiser, agora, e deixar que aconteça o que tiver de acontecer.” ( no livro “Crepúsculo” esta traduzido assim: …e deixar os dados rolarem.  Mas a trad. de vcs ficou melhorJ )

Aquilo foi honesto o bastante. Deixe que ela veja meu egoísmo. Deixe que isto a alerte, também.

“Não estou entendendo nada de novo.” / ” Você esta me confundindo de novo “

Eu era egoísta o bastante para estar feliz que este fosse o caso. “Eu sempre falo muito quando estou conversando com você - este é um dos problemas.”

Um problema bem insignificante, comparado a todos os outros.

“Não se preocupe,” ela reafirmou. “Eu não entendo nada mesmo…”

Ótimo, então ela não iria fugir. “Eu estava contando com isso.”

“Então, falando sem rodeios, somos amigos agora?”

Eu ponderei por um instante. “Amigos…” eu repeti. Não gostei do som daquilo. Não era o bastante.

“Ou não,” ela sussurrou, parecendo embaraçada.

Será que ela pensava que eu não gostava dela o bastante?

Eu sorri. “Bem, podemos tentar, eu acho. Mas eu vou alertar que eu não sou um bom amigo para você.”

Eu esperei pela resposta ansiosamente - esperando que finalmente ela ouvisse e entendesse, e imaginando que eu pudesse morrer se ela o fizesse. Que melodramático. Eu estava me tornando humano demais perto dela.

Seu coração batia rápido. “Você diz muito isso.”

“Sim, porque você não está me dando ouvidos.” Eu disse, muito intensamente outra vez. “Eu ainda espero que você acredite nisso. Se for esperta, você vai me evitar.”

Ah, mas será que eu permitiria que ela fizesse isso, se tentasse?

Seus olhos se estreitaram. “Eu acho que você deixou clara a sua opinião, a respeito do meu intelecto.”

Eu não estava certo sobre o que ela quis dizer, mas eu sorri me desculpando, imaginando que eu a tivesse ofendido acidentalmente.

“Então,” ela disse devagar. “Enquanto eu estiver sendo… boba, vamos tentar ser amigos?”

“É isso o que parece.”

Ela olhou para baixo, examinando a garrafa de limonada que tinha em mãos.

A velha curiosidade me atormentava.

“O que você está pensando?” Eu perguntei - pelo menos era um alívio dizer estas palavras em voz  alta finalmente

Seu olhar encontrou o meu, e sua respiração acelerou enquanto suas bochechas coraram, eu inspirei, sentindo o saboreando o ar.

“Eu estou tentando imaginar o que você é.”

Segurei o sorriso em meu rosto, travando minha feição naquela forma, enquanto o pânico percorria todo o meu corpo.

É claro que ela estava pensando naquilo. Ela não era estúpida. Eu não podia esperar que ela fosse deixar de notar algo tão evidente.

“Você está tendo alguma sorte nisso?” Perguntei da forma mais sutíl que pude.

“Não muita.” Ela admitiu.

Eu ri suavemente com a resposnta, sentindo um súbito alivio. “Quais são suas teorias?”

Elas não poderiam ser piores que a verdade, qualquer que fossem.

Suas bochechas ficaram ainda mais vermelhas, e ela não disse nada. Eu podia sentir no ar o calor do seu rubor.

Tentei usar meu tom persuasivo nela. Isso era algo que funcionava muito bem em humanos normais.

“Não vai me dizer?” Sorri, encorajando-a.

Ela balançou a cabeça negativamente. “É muito embaraçoso.”

Ugh. Não saber era pior do que qualquer outra coisa. Por que as especulações dela a deixariam embaraçada? Não pude suportar a curiosidade.

“É muito frustrante, sabe.”

Minha reclamação disparou algo nela. Seus olhos brilharam e as palavras fluíram mais rapidamente que o normal.

“Não. Eu não posso imaginar poque isso pode ser minimamente frustrante - apenas porque alguém se recusa a lhe dizer o que está pensando, mesmo se durante todo o tempo estivesse fazendo apenas pequenas observções enigmáticas com a única intenção de lhe deixar acordado a noite tentando imaginar o que é que elas podem significar… agora, por que isso seria frustrante?”

Eu franzi as sobrancelhas para ela, irritado por aceitar que ela estava certa. Eu não estava sendo justo.

Ela continuou. “Ou melhor, dizer também que esta pessoa fez um monte de coisas bizarras, desde salvar sua vida sob circunstâncias impossíveis em um dia até te tratar como um estranho no dia seguinte, e jamais te explicar nem uma coisa nem outra, mesmo depois de prometer fazê-lo. Isso também não seria frustrante.”

Foi o mais longo discurso que eu a ouvi fazer, e isso acrescentou mais uma qualidade na minha lista.

“Você é meio temperamental, não?”

“Eu não gosto de dois pesos e  duas-medidas.”

Sua irritação era completamente justificavel, é claro.

Eu encarei Bella, imaginando como eu poderia possivelmente fazer qualquer coisa certa por ela, até que o silêncio gritante na cabeça de Mike Newton me distraiu.

Ele estava tão irado que me fez rir.

“O que é?” ela exigiu.

“O seu namorado parece estar pensando que eu estou sendo rude com você - ele está se questionando se deve ou não vir aqui apartar a nossa briga.” Eu gostaria de vê-lo tentar. Eu ri novamente.

“Eu não sei do que você está falando”, ela disse de forma fria “Mas de qualquer forma, eu tenho certeza que você está enganado.”

Eu gostei muito do modo como ela o rejeitou com sua sentença desdenhosa.

“Eu não estou. Eu já te disse, a maioria das pessoas é fácil de ler.”

“Exceto eu, é claro.”

“Sim. Exceto você.” Ela tinha que ser a exceção à tudo? Não seria mais justo - considerando tudo mais com que eu tinha que lidar no momento - se eu pudesse ler ALGUMA COISA em sua cabeça? Era pedir muito? “Eu me pergunto o porquê disso.”

Ela olhou ao longe. Ela abriu sua limonada e tomou um curto e rápido gole, seus olhos na mesa.

“Você não está com fome?” eu perguntei.

“Não,” ela olhava a mesa vazia entre nós. “Você?”

“Não, eu não estou com fome.” eu disse. Eu definitivamente não estava.

Ela encarava a mesa com seus lábios cerrados. Eu esperei.

“Você pode me fazer um favor?”, ela perguntou, subitamente encontrando meus olhos novamente.

O que ela poderia querer de mim? Ela perguntaria sobre a verdade a qual eu não era permitido dizer à ela - a verdade que eu queria que ela nunca, nunca soubesse?

“Depende do que você quer”.

“Não é muito”, ela prometeu.

Eu esperei, curioso de novo.

“Eu só estava imaginando…” ela disse lentamente, olhando para a garrafa de limonada, traçando a boca da garrafa com o seu dedo mínimo “se você poderia me avisar com antecedência na próxima vez que você resolver me ignorar para o meu próprio bem. Só pra eu me preparar.”

Ela queria um aviso? Então ter sido ignorada por mim deve ter sido alguma coisa ruim… eu sorri.

“Parece justo.” eu concordei.

“Obrigada.” ela disse, olhando para cima. Sua face estava tão aliviada que eu quis rir do meu próprio alívio.

“Então posso ter uma resposta em retorno?” eu perguntei, esperançosamente.

“Uma” - Ela concedeu

“Me diga uma das suas teorias.”

Ela corou “Essa não.”

“Você não qualificou, você só prometeu uma resposta”, eu argumentei.

“Você também já quebrou suas promessas.”, ela argumentou de volta.

Ela estava certa.

“Só uma teoria - eu não vou rir.”

“Vai sim”. Ela parecia estar bem certa disso, apesar de eu não conseguir imaginar nada que pudesse ser engraçado quanto a isso.

Tentei usar a persuasão outra vez. Olhei fundo nos olhos dela - uma coisa fácil de se fazer, com olhos tão intensos - e sussurrei. - “Por favor?”

Ela piscou, o rosto ficando vazio.

Bem, essa não era exatamente a reação que eu queria.

- É… o quê? - ela perguntou. Parecia tonta. O que havia de errado com ela?

- Por favor, me conte só uma teoriazinha. - eu pedi com minha voz macia e não-assustadora, segurando seus olhos nos meus.

Para minha surpresa e satisfação, finalmente funcionou.

-Hmmm, bom, foi picado por uma aranha radioativa?

História em quadrinhos? Não era à toa que ela achou que eu iria rir.

- Isso não é muito criativo. - eu a reprovei, tentando escondeu meu alívio.

- Desculpe , é só o que eu tenho. - ela disse, ofendida.

Isso me deixou ainda mais aliviado. Consegui provocá-la de novo.

- Nem chegou perto.

- Nada de aranhas?

- Nada.

- E nada de radioatividade?

- Nada.

- Droga. - ela suspirou.

- A kriptonita também não me incomoda. - eu respondi depressa - antes que ela pudesse perguntar sobremordidas - e então tive que rir, porque ela achava que eu era um super-herói.

- Não devia rir, lembra?

Apertei os lábios.

- Um dia eu vou descobrir. - ela prometeu.

E quando ela o fizesse, iria fugir.

- Gostaria que não tentasse. - eu disse, todos os sinais da provocação ausentes.

- Por que…

Devia honestidade a ela. Tentei sorrir, deixar minhas palavras menos ameaçadoras. - “E se eu não for um super-herói? E se eu for o vilão?”

Seus olhos se arregalaram ligeiramente e os lábios se separaram um pouco. - Ah. - ela disse. E então, depois de um segundo. - Entendi.

Ela finalmente tinha me ouvido.

- Entendeu? - eu perguntei, tentando esconder minha agonia.

- Você é perigoso? - ela adivinhou. A sua respiração aumentou e o coração acelerou.

Não conseguia respondê-la. Esse era meu último momento com ela? Ela iria fugir agora? Eu seria capaz de dizer que a amava antes que ela partisse? Ou isso a assustaria ainda mais?

- Mas não mau. - ela sussurrou, balançando a cabeça, sem medo nos olhos intensos. - Não, não acredito que você seja mau.

- Está errada. - eu disse baixo.

É claro que eu era mau. Eu não estava feliz agora, que ela pensava melhor de mim do que eu merecia? Se eu fosse uma boa pessoa, eu teria ficado longe dela.

Eu estiquei minha mão pela mesa, pegando a tampa da garrafa de limonada dela como uma desculpa. Ela não recuou da minha mão próxima. Ela realmente não tinha medo de mim. Ainda não.

Eu girei a tampa rapidamente, prestando atenção ao invés de olhar para ela. Meus pensamentos estavam confusos.

Corra, Bella, corra. Não conseguia falar as palavras em voz alta.

Ela ficou de pé. - Vamos chegar atrasados. - ela disse, bem quando eu comecei a me preocupar que de algum modo ela tinha escutado meu aviso silencioso.

- Eu não vou à aula hoje.

- E por que não?

Porque eu não quero matar você. - “É saudável matar aula de vez em quando.”

Para ser exato, era saudável para os humanos quando os vampiros matavam aula nos dias em que sangue humano seria derramado. O Sr. Banner ia fazer tipagem sanguínea hoje. Alice já tinha matado sua aula pela manhã.

Bom, eu vou. - ela disse. Isso não me surpreendeu. Ela era responsável - sempre fazia a coisa certa.

Ela era o meu oposto.

- A gente se vê depois, então. - eu disse, tentando parecer casual novamente, olhando a tampa que rodava. E, por falar nisso, eu adoro você… de jeitos perigosos, assustadores.

Ela hesitou, e eu esperei por um momento que ela fosse ficar comigo. Mas o sinal tocou e ela se apressou.

Esperei até que ela tivesse desaparecido, e então guardei a tampa no meu bolso - uma lembrança dessa conversa importante - e andei pela chuva para o meu carro.

Coloquei o CD que mais me acalmava - o mesmo que tinha colocado naquele primeiro dia - mas não estava escutando as notas de Debussy por muito tempo. Outras notas estavam passando rápidas por minha cabeça, o fragmento de uma melodia que me agradava e me intrigava. Abaixei o rádio e escutei a música em minha cabeça, tocando o fragmento até que se desenvolveu para uma harmonia completa. Instintivamente, meus dedos se moveram no ar sobre teclas imaginárias.

A nova composição estava realmente surgindo quando minha atenção foi desviada por uma onda de angústia mental.

Eu procurei na direção da aflição.

Ela vai desmaiar? O que eu faço? Mike estava em pânico.